Esta mudança de paradigma estava ligada a transformações culturais desencadeadas pelo cientificismo e pelo iluminismo. Estas correntes de pensamento passaram a defender a tese de que a arte nĂ£o era uma ciĂªncia, nĂ£o podia descrever com exatidĂ£o a realidade, e por isso nĂ£o poderia ser um veĂculo adequado para o conhecimento verdadeiro. NĂ£o sendo uma ciĂªncia, a arte passou para a Schlegel, Arthur Schopenhauer, ThĂ©ophile Gautier e outros nasceu o conceito de arte pela arte, onde ela tinha um fim em si mesma, despojando-a de toda a sua antiga funcionalidade e utilidade prĂ¡tica e associações com a moral. Ao mesmo tempo em que isso abriu um novo e rico campo filosĂ³fico, gerou dificuldades importantes: perdeu-se a capacidade de se entender a arte antiga em seu prĂ³prio contexto, onde ela era toda funcional - um testemunho desta tendĂªncia Ă© a proliferaĂ§Ă£o de museus no sĂ©culo XIX, instituições onde todos os tipos de arte sĂ£o apresentados fora de seu contexto original -, e criaram-se conceitos inteiramente baseados na subjetividade, tornando cada vez mais difĂcil encontrar-se pontos objetivos em comum que pudessem ser aplicados a qualquer tipo de arte, tanto para defini-la quanto para valorĂ¡-la ou interpretar seu significado. O esteticismo foi um dos elementos teĂ³ricos bĂ¡sicos para a emergĂªncia do Romantismo, que rejeitou o utilitarismo da arte e deu um valor principal Ă criatividade, Ă intuiĂ§Ă£o, Ă liberdade e Ă visĂ£o individuais do artista, erigindo-o ao status de demiurgo e profeta e fomentando com isso o culto do gĂªnio. Por outro lado, o esteticismo ofereceu uma alternativa para a descriĂ§Ă£o de aspectos do mundo e da vida que nĂ£o estĂ£o ao alcance da ciĂªncia e da razĂ£o.[14] [15] Charles Baudelaire foi um dos primeiros a analisar a relaĂ§Ă£o da arte com o progresso e a era industrial, prefigurando a noĂ§Ă£o de que nĂ£o existe beleza absoluta, mas que Ă© relativa e mutĂ¡vel de acordo com os tempos e com as predisposições de cada indivĂduo. Acreditava que a arte tinha um
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